“eu nunca fui uma pessoa fácil, nem como adulto e muito menos quando criança. Mas Mãe, em um dia nada especial, eu olhei para o Sol, pensei em coisas, lugares e pessoas que amei e de todos os rostos que vi, você foi o que esteve sempre ao meu lado, nesse vislumbre, percebi a força que temos quando estamos juntos, o mundo pode vir com tudo e nos derrubar, nós continuaremos tentando, nós continuaremos voando, com uma criatura como você ao meu lado eu vencerei exércitos e suportarei toda a dor. Através de toda a mentira e caos do mundo você tem sido a verdade e inspiração, pois como você diz, eu sempre fui diferente, nunca me senti um ser humano comum e parte disso é culpa sua, pois eu não sou um ser humano comum por ter você como mãe, isso por si só já me torna especial, ser seu filho.” [Do meu texto “Mãe”.]
Hoje eu queria aproveitar pra falar uma pouquinho sobre a minha mãe. Mas vou contar uma história.
“A história é atribuída a antropóloga lésbica norte-americana Margaret Mead (1901-1978), que integrou a corrente teórica da Escola Americana relacionada aos comportamentos e aos padrões culturais.
Indagada por um aluno sobre o que
ela considerava ser o primeiro sinal de civilização do ser humano, Margaret
respondeu de forma diferente da esperada. Não disse que anzóis, panelas de
barro, pedras de amolar ou outros utensílios foram os primeiros sinais de
civilização, mas sim um fêmur (osso da coxa) quebrado e cicatrizado.
Mead explicou que, no reino animal,
se você quebra a perna, você morre. Você não pode correr do perigo, ir até o
rio beber água ou caçar comida. Você é carne fresca para os predadores. Nenhum
animal sobrevive a uma perna quebrada por tempo suficiente para o osso sarar.
E minha mãe me
ensinou sobre gente. No dia a dia, sobre gente que ama, gente que sonha, gente
que vive num mundo tão belo, gente que faz amizade por causa do jardim que você
tem e pra pedir mudinhas de plantas. Minha mãe é dessas que anda com uma
tesourinha na bolsa pra pegar mudinhas na rua. [Como não amar essa mulher?].
Ela não planta em vão, só porque as plantas são belas ou dão flores, ela ensina
a qualquer um que um jardim bem cuidado proporciona felicidades, de ter um chá
pra curar azia, dor de cabeça, friagem e acho que durante a minha adolescência
ela me fez uns chás de curar feridas de amor. Minha mãe me explicou porque tem
gente que não sabe amar e como temos que reagir a elas, que um jardim bem
cuidado, repleto de amor e tempo, uns adubo, umas tarde sentado ao Sol, que o
pé na terra manda pro mundo as energias que a gente não quer e transforma tudo.
Minha mãe me ensinou a olhar a natureza e me espantar com sua beleza, também me
ensinou que chorando a gente a gente se refaz, que todo jardim precisa de umas
regas dessas, que cada pessoa tem seu tempo, assim como as plantas. Tudo
precisa de amor e agua é vida. Minha mãe me ensinou sobre gente que mesmo com
pouco cuida do que tem e divide quando sobra, da fruta que a arvore dá ao “bom
dia” ao cobrador. Minha mãe me ensinou que comida é sagrada, que a gente tem que
observar o que entra no nosso templo/corpo e verificar o que causa. Sabe quando
falam que o mundo perdeu muitas pesquisadoras fantásticas que acabaram cuidando
do lar? Minha mãe ouvia e cantava em italiano algumas musicas, elas sentava, ouvia,
lia junto em italiano sem nunca ter feito curso de italiano, procurava a
tradução [sem internet] e aprendia.
Ela também me ensinou a estudar, E EU SOU DISLEXO. Minha mãe me ensinou sobre
musica, mas mais importante ainda, ela me ensinou que até as arvores dançam ao
vento, com o batucar da chuva, com a força do ar e com cheiro de terra se
espalhando, logo a gente não devia ter vergonha nenhuma de dançar. Minha mãe
me ensinou que isso também é sagrado,
que se existe um Deus ele está presente não só em cada folha de arvore que cai,
mas dentro de toda a gente. Que ser humano faz parte da natureza e que essa
energia chamada felicidade só é completa se dividida. Me ensinou que conversar
é bom, que silencio é bom, que gritar é bom e que amar é um jeito de sempre
estar certo. A deusa Atenas da Grécia, era a deusa da Sabedoria em batalha, ela
com toda a simbologia da sabedoria da época não tinha filhos, porque ser mãe ia
requerer dela total atenção. Eu acho a palavra mãe grandiosa justamente pela
mãe maravilhosa que eu tive. Eu acho que não teria palavra forte o suficiente
em alemão pra expressar a força que minha mãe tem, ela me ensinou a me amar e a
amar todos aqueles que são diferentes de mim, as vezes minha mãe até recorria
as palavras de Deus, músicos, poetas, professores, astrólogas, benzedeiras,
psiquiatra pra tentar entender a criança doida que eu era e de tudo que ela
podia me ensinar ela sempre me ensinou que o abraço é o remédio do coração e
que “Amor” é a forma certa de agir. E eu depois que cresci com o exemplo da
determinação dela, questionei até os deuses e suas existências em meu livros,
estudos, musicas, eu que precisa de tempo, eu que precisa aprender ela esta
sempre ali, disposta a amar, se há um deus Amor ele há de ser Mãe. Não tem
qualidades, palavras, que eu possa tentar atribuir pra falar sobre o orgulho, o
privilégio, a benção, ou pra falar sobre o quanto ela é uma existência
maravilhosa, apesar de todas as encrencas, não há língua que tenha inventado
elogio que caiba, só me resta dizer PARABENS!
*¹ https://www.cartacapital.com.br/blogs/dialogos-da-fe/empatia-esperanca-e-fe-o-que-podemos-aprender-com-a-crise-do-coronavirus/