quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Mainha me ensinou [S.T.S.R]

 eu nunca fui uma pessoa fácil, nem como adulto e muito menos quando criança. Mas Mãe, em um dia nada especial, eu olhei para o Sol, pensei em coisas, lugares e pessoas que amei e de todos os rostos que vi, você foi o que esteve sempre ao meu lado, nesse vislumbre, percebi a força que temos quando estamos juntos, o mundo pode vir com tudo e nos derrubar, nós continuaremos tentando, nós continuaremos voando, com uma criatura como você ao meu lado eu vencerei exércitos e suportarei toda a dor. Através de toda a mentira e caos do mundo você tem sido a verdade e inspiração, pois como você diz, eu sempre fui diferente, nunca me senti um ser humano comum e parte disso é culpa sua, pois eu não sou um ser humano comum por ter você como mãe, isso por si só já me torna especial, ser seu filho.” [Do meu texto “Mãe”.] 



Hoje eu queria aproveitar pra falar uma pouquinho sobre a minha mãe. Mas vou contar uma história. 

“A história é atribuída a antropóloga lésbica norte-americana Margaret Mead (1901-1978), que integrou a corrente teórica da Escola Americana relacionada aos comportamentos e aos padrões culturais.

Indagada por um aluno sobre o que ela considerava ser o primeiro sinal de civilização do ser humano, Margaret respondeu de forma diferente da esperada. Não disse que anzóis, panelas de barro, pedras de amolar ou outros utensílios foram os primeiros sinais de civilização, mas sim um fêmur (osso da coxa) quebrado e cicatrizado.

Mead explicou que, no reino animal, se você quebra a perna, você morre. Você não pode correr do perigo, ir até o rio beber água ou caçar comida. Você é carne fresca para os predadores. Nenhum animal sobrevive a uma perna quebrada por tempo suficiente para o osso sarar.

Um fêmur quebrado que cicatrizou, acrescenta, é evidência de que alguém dispensou tempo para ficar com aquele que caiu, tratou da ferida, levou a pessoa à segurança e cuidou dela até que se recuperasse. Ajudar alguém durante a dificuldade é onde a civilização começa, finaliza a antropóloga. Esse é, também, o princípio do cristianismo: fazermos para as outras pessoas, o que gostaríamos que nos fizessem, assim como advertiu Jesus: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não existe qualquer outro mandamento maior do que estes’ – Marcos 12:31 ¹

E minha mãe me ensinou sobre gente. No dia a dia, sobre gente que ama, gente que sonha, gente que vive num mundo tão belo, gente que faz amizade por causa do jardim que você tem e pra pedir mudinhas de plantas. Minha mãe é dessas que anda com uma tesourinha na bolsa pra pegar mudinhas na rua. [Como não amar essa mulher?]. Ela não planta em vão, só porque as plantas são belas ou dão flores, ela ensina a qualquer um que um jardim bem cuidado proporciona felicidades, de ter um chá pra curar azia, dor de cabeça, friagem e acho que durante a minha adolescência ela me fez uns chás de curar feridas de amor. Minha mãe me explicou porque tem gente que não sabe amar e como temos que reagir a elas, que um jardim bem cuidado, repleto de amor e tempo, uns adubo, umas tarde sentado ao Sol, que o pé na terra manda pro mundo as energias que a gente não quer e transforma tudo. Minha mãe me ensinou a olhar a natureza e me espantar com sua beleza, também me ensinou que chorando a gente a gente se refaz, que todo jardim precisa de umas regas dessas, que cada pessoa tem seu tempo, assim como as plantas. Tudo precisa de amor e agua é vida. Minha mãe me ensinou sobre gente que mesmo com pouco cuida do que tem e divide quando sobra, da fruta que a arvore dá ao “bom dia” ao cobrador. Minha mãe me ensinou que comida é sagrada, que a gente tem que observar o que entra no nosso templo/corpo e verificar o que causa. Sabe quando falam que o mundo perdeu muitas pesquisadoras fantásticas que acabaram cuidando do lar? Minha mãe ouvia e cantava em italiano algumas musicas, elas sentava, ouvia, lia junto em italiano sem nunca ter feito curso de italiano, procurava a tradução [sem internet] e aprendia.
Ela também me ensinou a estudar, E EU SOU DISLEXO. Minha mãe me ensinou sobre musica, mas mais importante ainda, ela me ensinou que até as arvores dançam ao vento, com o batucar da chuva, com a força do ar e com cheiro de terra se espalhando, logo a gente não devia ter vergonha nenhuma de dançar. Minha mãe me  ensinou que isso também é sagrado, que se existe um Deus ele está presente não só em cada folha de arvore que cai, mas dentro de toda a gente. Que ser humano faz parte da natureza e que essa energia chamada felicidade só é completa se dividida. Me ensinou que conversar é bom, que silencio é bom, que gritar é bom e que amar é um jeito de sempre estar certo. A deusa Atenas da Grécia, era a deusa da Sabedoria em batalha, ela com toda a simbologia da sabedoria da época não tinha filhos, porque ser mãe ia requerer dela total atenção. Eu acho a palavra mãe grandiosa justamente pela mãe maravilhosa que eu tive. Eu acho que não teria palavra forte o suficiente em alemão pra expressar a força que minha mãe tem, ela me ensinou a me amar e a amar todos aqueles que são diferentes de mim, as vezes minha mãe até recorria as palavras de Deus, músicos, poetas, professores, astrólogas, benzedeiras, psiquiatra pra tentar entender a criança doida que eu era e de tudo que ela podia me ensinar ela sempre me ensinou que o abraço é o remédio do coração e que “Amor” é a forma certa de agir. E eu depois que cresci com o exemplo da determinação dela, questionei até os deuses e suas existências em meu livros, estudos, musicas, eu que precisa de tempo, eu que precisa aprender ela esta sempre ali, disposta a amar, se há um deus Amor ele há de ser Mãe. Não tem qualidades, palavras, que eu possa tentar atribuir pra falar sobre o orgulho, o privilégio, a benção, ou pra falar sobre o quanto ela é uma existência maravilhosa, apesar de todas as encrencas, não há língua que tenha inventado elogio que caiba, só me resta dizer
PARABENS!


*¹ https://www.cartacapital.com.br/blogs/dialogos-da-fe/empatia-esperanca-e-fe-o-que-podemos-aprender-com-a-crise-do-coronavirus/

sábado, 4 de julho de 2020

Um tijolo. [Na construção do que?]


Vou começar falando como as coisas são estranhas num geral, então pode parecer que eu estou falando sobre alguma coisa, mas eu devo estar fazendo uma metáfora. 

Tem uns crushs sabe? Quando a gente não sabe definir muito bem se a outra pessoa é um rolo bom, uma pessoa que você ainda não percebeu que está insistindo mas não deveria. Por qualquer razão que seja. Nem que sejam só umas paranoias da sua cabeça. Um crush, alguém que a gente não sabe dizer muito bem o que é nem se é alguma coisa de fato, então explicar como um crush pode ser é inútil, cada crush de alguém é a confusão de alguém, logo crush não se compara. Cada caso um caso.

Se eu e o crush vamos dar certo, se você que está lendo e seu crush vão dar certo, ou se seu ultimo crush deixou de existir, porque passou a ser outra coisa, mais presente,mais distante. Física ou emocionalmente crush são sempre temporários. Se a gente vai dar certo, se a gente não vai dar certo no futuro, o negócio é o seguinte. Eu imagino umas coisas românticas que às vezes não tem romantismo, e outra pessoa não tem nada a ver com as coisas que eu imagino. Me acontecem uns sentimentos às vezes. Esse crush é uma pessoa que me causa um sentimento que eu gosto muito.  Se está certo o que ele faz com o que eu faço pra demonstrar, como ele recebe as informações de mim que dou a ele, são da cabeça dele e não da minha. Então o crush causa uns sentimentos às vezes e eu que me deixo inspirar pelo que sinto  e geralmente escrevo, tem gente que faz a gente se sentir melhor as vezes. E pessoas num geral são complicadas, imagina as pessoas que a gente chama de crush. Como a gente não sabe muito bem o que é, o crush causa euforia e decepção. Às vezes eu tenho que lembrar que eu estou decepcionado com as expectativas que eu crio e não com a outra pessoa. A expectativa que eu crio, com uma musica que ouço, com uma poesia que eu leio, com uma citação de serie, com um meme no Facebook ou uma figurinha safada que eu guardo pra usar com o crush depois, são expectativas que eu estou criando. E são momentos gostosos PRA CARALHO. Sabe aquela musica que começa quando você está no banho, e ela te lembra alguém, e você sai do banho decidido a mandar um: “Já ouviu essa musica?”, “Como você está?” ou puxar um assunto aleatório...  Eu gosto de musicas que me lembram pessoas, que me lembram lugares, que me lembram conversas, que me lembram momentos, que me faz ter uns pensamentos bons e uns sentimentos gostosos. Eu acho inclusive que musica serve pra isso. E eu como pisciano confesso que já ouvi musicas mais duradouras que alguns crushs que eu tive. E tudo bem não dar certo as vezes. A gente não pode é deixar de cuidar da gente e lembrar que as expectativas se tornando ou não realidade são gostosas por si mesmas. E tem que se lembrar de NÃO ser um stalker obsessivo. Ninguém está no mundo pra suprir as expectativas dos outros. 

Tem dias que eu vou ficar decepcionado porque o crush não atendeu a minha expectativa, e não respondeu minha mensagem, ou cagou pra musica que eu mandei. Tem dias que eu vou ficar decepcionado comigo mesmo, por ter ou não ter um crush, pra atender ou não minhas expectativas que eu posso ou não ter sobre ele. Tem dias que a conversa com o crush vai seu uma das coisas que mais me fez sorrir no dia. Por mais que não tenha sido um conversa profunda, ou umas esquisitices pessoais que a gente tem em comum,. Pode ser uma foto de  uma borboleta que eu vi e mandei pro crush que adora borboletas. Imagina você que gosta de borboleta [coloque o exemplo que quiser] receber uma foto de uma borboleta, assim do nada! Eu olho pra esses momentos como bobos, mas eu desejo a todas as pessoas que elas tenham tipos de relacionamentos que causem sentimentos onde o encontro com a realidade seja agradável, gostoso, inspirador. Que dure uma musica, um poema, uma vida. Se a gente não se apegar aos momentos de felicidade que a gente tem, a gente tem o que a oferecer ao crush? Que tipo de relacionamento a gente pode criar se a gente tentar fazer ser proveitoso pro outro a experiência como ela é pra gente? Então tento eu ser o crush que eu gostaria de ter, pra talvez deixar de ser crush, ou continuar essa confusão gostosa de partilha de momentos bons. Até semente que não brota uma hora vira nutriente pra terra. A gente que lute por um mundo melhor. Em cada momento que a gente lembrar e conseguir fazer algo bom pra gente e pro outro, mostrando que a gente se importa, nem precisa ser crush é que a gente complica uma coisas... 

























[Este texto por exemplo é um jeito estranho de dizer parabéns]

domingo, 12 de abril de 2020

A Promessa Mais Importante [O que Pretendemos Cumprir]



Uma vez numa conversa qualquer eu mandei a música I’ll Stand By You – The Pretenders para alguém.  Eu gosto particularmente dessa música porque ela vai de encontro a muita coisa que eu penso. Eu acho que tem promessas que as pessoas fazem que não sabem ao certo a consequência de fazê-las. Podem me julgar mas eu não acredito muito quando falam “pra sempre”. “Eu vou te amar pra sempre” quando me deparo com essa frase eu penso na quantidade de coisas que podem acontecer num pra sempre e se a pessoa está pensando na fidelidade daquilo que ela está prometendo. Eu penso no amor como uma das forças mais potentes do universo e acredito que ele seria em si a solução de tudo. E acho que ele é tão potente justamente pelas transformações que ele causa e as transformações dele mesmo. Em filmes ou livros o amor de início é diferente de amor do meio, que é um amor diferente no fim da história.  Nós nunca sabemos qual será o fim da nossa história, nem quando é o meio e já confundimos paixões e desejos com amor.

A canção é alguém falando com outra pessoa, dizendo:

Por que você está tão triste?
Com lágrimas nos olhos
Venha ficar comigo agora
Não tenha vergonha de chorar
Deixe eu ver você por dentro
Pois já vi o lado negro também
Quando a noite cair sobre você
E você não souber o que fazer
Nada que você confesse
Pode fazer com que eu te ame menos”

Meu jeito de amar não precisa ser o mesmo que o de mais ninguém, mas pra mim esse jeito cai muito bem, eu gosto de reparar nas pessoas que eu amo, ver as mudanças, saber o que está acontecendo, eu não ligo se elas estão tristes, felizes, bêbadas, desabafando, elevando seu ego... tanto faz. Porque se eu amo alguém, eu amo aquilo que a pessoa é, sabendo que nada no mundo é fixo ou permanente, tenho que olhar pro outro e lembrar que ele está sendo ele e que isso muda, assim como eu o estou amando no presente e ele acaba. A forma que o amor encontra pra permanecer é mudar constantemente. Quando passo a conhecer uma parte da outra pessoa que não conhecia ainda, o que se supõe é que eu amaria essa nova parte. Não é sempre assim. Muitas vezes encontro naqueles que amo coisas que eu não tolero, mas geralmente elas são passageiras, e a gente uma hora conversa sobre isso porque esse é assunto pra outro texto. O que me pega nessa música é que o sujeito está disposto a amar, ele repara, pergunta, demonstra empatia sobre os momentos tristes e diz: “Nada que você confesse, Pode fazer com que eu te ame menos”. Essa também é uma promessa muito difícil de se cumprir se você não estiver disposto a amar aquilo que a pessoa é e respeitar como ela está.

 A melhor forma de me amar foi me dar a definição de louca, assim eu entendo que as vezes eu não vou fazer as coisas como a maioria das pessoas fariam, ou me perdoar quando eu descobri que não sigo uma linha de raciocínio normal, o Chapeleiro uma vez me disse que as melhores pessoas são loucas. Eu amo a louca que habita em mim e se outra pessoa quiser me amar, vai ter que conviver com essa louca paranoica. Afinal ela é parte do que eu sou. Mas não basta ser louca e me amar, eu sinto que tenho muito amor pra dar, as pessoas também são muito loucas, algumas amam de umas formas complicadas e algumas nem sabem amar ainda, eu mesmo não defini minha forma de amar como a perfeita, acho que tem outras muitos plausíveis, afinal cada qual com o amor que lhe cabe, por isso ele é pra todo mundo. Por isso ele é tão importante. É que se eu pudesse eu resolveria todos os problemas das pessoas eu amo, se eu pudesse eu realmente protegeria elas dos pensamentos cruéis que elas tem delas mesmas, se eu pudesse estar a todos os momentos ajudando a fazer dessa vida um lugar melhor, eu faria. Mas eu não posso, pra que a outra pessoa seja ela mesma há a necessidade de um espaço, pra que eu não interfira, o amor também está na admiração. E eu posso te amar, até mesmo quando você não está vendo o quanto de amor você merece, mas é preciso que você seja quem você é pra que eu te ame. Ou apenas estarei amando a ideia que construí de você. Por isso o amor leva tempo, não se conhece alguém do dia pra noite. Não se pode prever tudo, e temos que lembrar que a outra pessoa tem um universo inteiro dela mesma pra desvendar. Mas há de ter interesse, vontade, e disposição, eu acho que a promessa “Eu estou aqui” é muitas vezes melhor do que um “eu te amo pra sempre”.

Isso me leva a reflexão de quem quiser ficar que fique, amar não é fácil, mas não é pra ser doloroso, a gente pode entender os amigos, passar pano pra crush, aceitar que aquela é uma maneira diferente das pessoas amarem e recusá-la caso ela não for o suficiente. Às vezes é mais fácil amar o próximo quando ele está longe. Mas eu gosto da música que citei, porque ela fala sobre amor em um momento vulnerável. Sabe quando tu está na merda e tem as pessoas certas pra falar? Ou um abraço importante que não precisa de diálogos, ou um colo pra deitar sem dar satisfações, sem medo de ser julgado e nem a necessidade de ser entendido. Eu acho que ai o amor se manifesta em uma das melhores faces. 

Eu tenho uns momentos que nem eu mesmo quero estar comigo, que posso ceder aos pensamentos cruéis, que posso fazer confusão e não entender direito o que se passou. E se nem eu mesmo estou me amando nesses momentos, tudo o que eu preciso é que algo me lembre que tudo bem não estar tudo bem sempre. Nem que seja alguém pra “estar ali” da forma que for. Porque amar pode ser uma conversa de horas e horas e horas, pode ser o êxtase transcendental do gozo, pode ser todas as minhas palavras e a incerteza de você compreende-las. Mas tem que haver desejo de estar junto, ou disposto a compartilhar também os momentos incertos. Eu amo aquilo que desejo, eu amo enquanto desejo, amo na intensidade que desejo e te amo nas probabilidades de você ser o que eu amo. Se você não for aquilo que eu pensei que era, e se meu amor não couber ali, ou não for o suficiente, mesmo assim não te torna menos digno de amor. Estou aqui caso você precise ou queira, é uma promessa que posso fazer. Diga que ama, mas lembra: amar não é dizer. 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

A Melhor Forma de Ferir Quem Te Ama. [É não se amar].




Hoje em dia eu sou daqueles que quando sofrem o fazem com intensidade. Estava pensando dia desses na possibilidade de me apaixonar. Sabe quando, sei lá, alguém causa uns trocinhos em você que parecem ser muito bons. Ai se tu não fica esperto logo já está vendo a pessoa em todos os cantos, com vontade de falar mais com ela, mesmo que tenham trocado áudios e mensagens durante todo o dia, quando você começa a se interessar mais por coisas que pareciam até interessantes, mas parecem que agora que ele falou parecem mais interessantes ainda, talvez por ser a possibilidade de estar mais com ele. Se você não estiver atento, essas coisinhas pequenas, esses trocinhos se desenvolvem a ponto de nem a velhice e nem a morte destruir.

Seria injusto me apaixonar no momento que estou. Há muito amor em mim por mim. Mas se for pra me apaixonar eu topo, eu me apaixono por amigos que mandam uma música que ouviram e acharam bonita e queriam compartilhar. Pra mim já é muito fofo e uma declaração de amor você ouvir uma música e mandar pra alguém. Tem coisa melhor que música? [Tem, claro que tem. Mas é uma das coisas mais importantes]. Repare só, poucas coisas conseguem unir a humanidade tão bem quanto a música, você pode não entender a língua cantada muito bem, as vezes nem um pouco e mesmo assim sentir coisas. Essas coisas podem ser agradáveis ou não, mas mesmo sem entender muito bem a música passa uma intenção. E une a humanidade de uma forma muito bonita. Não é preciso saber inglês pra gostar de Stay da Rihanna por exemplo. A gente não consegue achar um conceito para belo, mas consegue admirar a música. Logo, me apaixonar é o que eu tento fazer a cada instante único que a vida me possibilita. Porque eu tenho aqui na minha cabeça, o desejo infantil de uma humanidade realmente unida e creio cegamente que amor é a resposta pra nós. Mas o que sei sobre me apaixonar hoje em dia é que sempre deve ser feito com responsabilidade. O outro não deve ser de forma alguma um amparo, a única coisa que deve te sustentar emocionalmente é você mesmo. Tudo aquilo que você é e todas as coisas que já passou e todas as pessoas que conheceu e as lições que vieram do passado. Reconhecer que o passado passou e que a maior dor é sempre a que a gente está sentindo agora. Porque se formos falar sobre tempo, temos que admitir que existe passado, existe presente [e não tem esse nome a toa] e não há garantia alguma para a existência do futuro. Podemos morrer no meio de um texto que estamos lendo.

 [CALMA, SOBREVIVEMOS! ESPERO].

Se a gente resolve se apaixonar tem que pensar no impacto que pode causar agora. E eu sei pelo que já passei que tenho uma capacidade de ferir tudo que amo. E meio que todo mundo tem, a gente tem que estar atento como eu já disse. Primeiro que a pessoa tem que ser um alento na vida turbulenta e não um fardo que custe o psicológico e o emocional por uns bons beijos na boca. Não tem foda no mundo que vale a possibilidade de se magoar. Eu acho que é um ego enorme o que eu tenho, que me tira toda a humildade e me faz olhar pra mim como uma pessoa que merece ser amada o tempo todo. Por mim mesma e pelos outros. Quando não sou amado pelos outros, raramente ligo, porque o carinho que eu olho pra mim já me basta. Então eu acho que qualquer pessoa que passar por mim merece ser amada, não da mesma forma, mas com a mesma intensidade que eu me amo. Me esforço, e erro, e as vezes me distraio. Mas cá pra nós eu acho que é uma visão muito bonita dessa realidade. Pra mim não basta sentir só, eu acho que tenho que passar adiante esse amor. Todas as vezes que me lembro que tem pessoas que simplesmente não se olham dessa forma eu tento passar essa mensagem. É difícil, eu tento entender as dores no caminho, eu reparo na escolha de palavras, eu tento observar e absorver seus tipos de arte. Eu acho que seria injusto me apaixonar, porque tem que estar muito bem consigo mesmo pra ser reciproco.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Sobre amor próprio e o que fazer com ele. [J.C.S]



Eu me apaixonaria por mim mesmo caso eu visse alguém vestido como estou nessa foto, não pela roupa, mas pelo significado do que estou vestindo, minha própria cara. Olhar no espelho, colocar uma camiseta, uma calça, passar um tempo arrumando o cabelo e o sapato velho de todo dia, assim como essas coisas muito simples que faço praticamente todos os dias. Não é sobre o preço, ou sobre a marca ou a roupa. É olhar no espelho e se ver, vestindo e sentindo-se tão feliz e livre quanto estar nu olhando pra ele. Sou dessas pessoas que pra estar vestido olhando para o espelho antes já passou por um banho onde provavelmente dancei qualquer música que estava tocando enquanto me ensaboava ao som dela, talvez eu tenha cantado essa música como se fosse uma diva em seu show particular, cantando para uma multidão imaginaria que sempre adora meus shows durante o banho. Antes de me vestir eu sou tantas faces de mim. Faço o pirocoptero alguns dias e em outros dispo-me da toalha como uma dama tira seu vestido. E acho que hoje em dia eu tenho mostrado mais de mim mesmo, mesmo quando estou vestido, por entre a gente, gente que eu sei que olha pra mim, gente que eu estou vendo também, todos os dias nas obrigações diárias e outros na rua ou em um dos ônibus que pego para o trabalho. Não me importo com o que estão vestindo também. Porque eu prefiro olhar nos olhos e não na qualidade/beleza da roupa ou se é um uniforme parecido com o meu ou diferente. Eu tenho mostrado mais de mim mesmo também a essas pessoas todas que passam por mim. E por isso hoje eu me olho no espelho e me sinto feliz, porque eu tenho muito carinho pela pessoa ali dentro do espelho, e se eu olhar de perto, nas minhas conversas internas, os olhos daquela pessoa me dizem que essa pessoa tem muito carinho para dar .

Estamos em época de começo de ano e todas as pessoas com crenças religiosas ou não definem como “uma nova rodada” do tempo ou da vida. Preparam-se pra novos desafios diários, fazem desejos internos clamando ao deus que crê e fazendo promessas a si. Prometemos na maioria das vezes que seremos melhores. Mesmo com a rotina que nos esmaga. Nós podemos batalhar mais, rir mais e amar mais. Tentaremos fazer coisas novas ou mais das coisas boas que fizemos no passado. Vamos aprendendo como viver a cada dia e já sabemos disso, aprendemos que roupas não nos definem, que pele não nos define, quais bandeiras nos representam e sabemos que a realidade na maioria das vezes nos vem com demandas. Mas que não podemos esquecer que somos uma eterna descoberta de nós mesmos e que cada ser em volta ou acontecimento presente transforma o mundo e nós mesmos de maneiras diferentes, somos partes de uma engrenagem caótica do universo em expansão. Não somos tão responsáveis assim pelas nossas atitudes sendo que nos distraímos as vezes com coisas sem tanta importância. As vezes nos esquecemos da mensagem da Raposa no livro do Pequeno Príncipe: “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”. E que todas as pessoas, por uma simples questão de calendário em alguns dias próximo do final do ano se fazem promessas de serem melhores e que podemos ajudar. Podemos ajudar cada senhora que passa por nós subindo a rua de casa com um sorriso e um “bom dia”. As vezes só um sorriso mesmo depois de olhar alguém, olhar o que as pessoas vestiram se olhando no espelho ou não, construindo essa roupagem pra encarar a vida e mostrar mais da própria essência, reconhecer isso, olhar nos olhas da pessoa e a reconhecer como igual e digna do mesmo carinho que você dá a si mesmo.

Já parou pra pensar que tu nunca viu a própria cara, a não ser em fotos ou refletida em algum lugar? Você nunca pôde olhar nos seus olhos como as outras pessoas olhariam e a essência do que somos se mostra ali e em tudo que há em volta. Mostrando quem você é, suas cicatrizes, suas marcam de idade, ou espinhas, os adornos e o que escolherem pra vestir hoje. Qual cara mostrar? A melhor que tivermos! Tentando carregar nos olhos a felicidade de ser quem somos. Saber que é livre dentro do próprio corpo, esteja ele ou não nos padrões sociais, esteja ele com a roupa que for mais confortável ou com o que você acha que te dá um up no visual. Porque no fundo devemos ser aquela pessoa que de tão feliz canta junto com a música, que dá bom dia na rua, que sorri a desconhecidos, agindo de forma boba as vezes e dramática também, é mais gostoso quando a gente reconhece os próprios erros por exemplo e não tem medo de esconder, damos exemplos da nossa essência quando somos carinhosos com nós mesmo quando olhamos E pensamos “Eu errei. Tudo bem, tentarei ser melhor da próxima”. Eu gosto de tratar as pessoas com o carinho que eu gostaria que tivessem comigo. Eu acho que lá no fundo é isso que pode fazer da realidade algo mais feliz.

Porque podem nos ter colocado na cabeça que somos soldados lutando por liberdade, que tudo que queremos conquistar exige uma luta e que você perderá de alguma forma, que cada escolha é uma renúncia e que devemos revidar quando a vida nos colocar pra baixo, devemos lembrar que não é no final da vida que estaremos bem, é no caminho que as coisas acontecem. E ai o mundo pode te quebrar e chacoalhar isso só te fará mais forte caso continue mostrando do que você é feito. De ideais, de desejos, de crenças e que acredita que pode ser melhor a cada rodada da vida. Vamos nos fazer todos acreditar nisso e isso vai nos manter vivos. Que sejamos todas essas pessoas apaixonantes que querem se manter vivos, amando cada passo do caminho e que cada presente compartilhado possamos tratar as companhias dessa caminhada com o mesmo carinho que devemos olhar pra nós mesmo. Porque eu sou livre para amar e se a caminhada puder ser assim eu acredito que será melhor. Porque não é sobre o que juntamos pra nós, é sobre o que espalhamos, não é sobre ser melhor que o outro é sobre ser melhor que ontem.

sábado, 23 de novembro de 2019

Marcas que deixamos nas janelas. [E mudanças. E o que somos hoje].



Eu tenho o costume porco de não limpar janelas... Hoje, este que vos escreve, nesse relato que tem sido o blog, conta que nesse momento estou de partida de uma casa que tem essa janela na foto. 

Como podem observar caso queiram, ela está imunda, façamos as contas, estou aqui a 5 anos. Me lembro de lavar essa janela com a consciência de que sou uma louca paranoica algumas vezes, mas nenhuma delas foi a ponto de arriscar a minha vida lavando uma janela. [Você já me ouviu falar que eu sou uma louca paranoica nesse quarto?]. Então em minha defesa, ela estava quase sempre fechada. Eu abria geralmente quando recebia pessoas aqui, não foram muitas, mas algumas foram de fato importantes. Hoje olhando para a janela, com todos os moveis desmontados e tudo dentro de caixas, penso uma pouco no tanto de marcas que deixaram na minha “janela”. O tanto de vezes que falei nesse santuário que chamo de quarto. Quantas vezes me confessei nas paredes mais seguras do meu lar. Acompanhado algumas vezes de pessoas que pareciam se importar, a ponto de que eu as convidasse para retornar. Algumas confesso foram apenas pessoas, passando por um lugar muito importante pra mim. E que espero ter a qualquer uma das pessoas que partilharam esse quarto, dentro de todas as relações que eu construí, mostrar que, esse é um lugar importante pra mim. Me lembro de namorar inclusive quando cheguei a essa casa. Hoje não lembro nem como eu era. Mas vejo que tenho marcas na janela. E penso [porque acho que hoje sou mais assim.] em todas as pessoas que estiveram aqui. [a cada marca que você pode ter deixado na minha janela]. Eu penso em muitas pessoas. Mas todas essas pessoas que eu penso, sabem que muitas pessoas passaram por aqui.
A casa assim como eu, está sempre aberta aos amigos. E também aos amigos dos amigos. 

Assim como eu a casa recebia, outras moradas dentro de si mesma. E entendia que esse lugar deveria ser importante também para quem estivesse aqui. Não chamo de esforço essa vontade de quem vem aqui se sinta tão a vontade quanto eu. Porque de verdade. Se pensarmos no quarto como o lugar mais seguro da nossa existência onde a gente se sente a vontade pra deixar todo o dia e tudo que aconteceu nele pra relaxarmos. Nos sentindo seguros. Eu confesso que me comparo ao quarto. Pense que você que está lendo pode partilhar um momento que pode estar dentro da minha cabeça a ponto de eu lembrar de você, porque foi significativo pra mim, ou pra você. A ponto de hoje termos construído uma morada chamada amizade. A ponto de hoje olhar pra janela e pensar que você pode ter deixado uma marca nela. [e no que pode significar pra mim a frase “deixar uma marca na minha janela”.]. Pense que independente de onde eu more, o quarto tem muitos significados. Porque o importante não são as paredes que nos cercam. São todas as lembranças que serviram de aprendizado para construir o que sou hoje.

Levamos caros leitores todas as nossas experiências conosco. A cada dia que dormimos, acordamos outros. A cada momento da vida temos células morrendo e células sendo produzidas. A cada tempo que quisermos chamar de “presente” estamos morrendo um pouco e renascendo ao mesmo tempo. Mudamos a cada instante único. E a vida é a resultado de todo momento tempo que definimos que acabou, um passado. Pra falarmos um pouco no não existente futuro. Temos quase sempre a boa esperança de que as coisas não mudem, quando estão boas. Mas aprendemos com o tempo que não prestamos muita atenção no presente. Mas tornamos algumas coisas importantes, a ponto de compartilharmos. Enquanto mudamos, tudo que dividirmos, afeto ou conhecimento, mesmo que seja o presente forma aquilo que somos. E tentamos até prever o que seremos, mas o fato é que toda vez que nos sentimos seguros dentro do nosso quarto, dormimos e acordamos outros. Morremos e levamos nossas experiencias conosco esperando que as coisas boas continuem todos os dias.

Tive muitas mudanças dentro desse quarto, sozinho ou acompanhado, compartilhei muito de mim aos visitantes que tive. Espero ter feito aquele momento que tivemos nesse quarto importante, ou espero ter feito desse momento tão importante pra mim a ponto de relatar no blog. [Aqui eu meio que transbordo minhas mudanças, pra poder pensar melhor nelas depois. E meio que conecta algumas pessoas que eu gosto muito.].

Penso um pouco no quanto eu mudei e aprendi olhando pra janela do meu quarto hoje, penso em pessoas, penso em músicas, penso em garrafas que esvaziam, em cafés que esfriam e cigarros apagando. Penso que fiz desse quarto um refúgio pra mim e para aqueles que compartilhei desse espaço. Tento pensar com carinho em todos vocês, por que se tem algo que aprendi nesses anos que moro aqui nessa casa é que devemos todos pensar com mais carinho nos momentos que tivemos, nas pessoas que conhecemos, nas relações que construímos e naquelas que só fazem parte daquilo que você é hoje. Sei lá se devo falar em amor, mas se tem uma marca que deixaram na minha janela é que devemos nos tratar com mais carinho. Pra transformar a vida num lar. Que independente do fim ou do tempo ainda possa ser uma lembrança que você possa pensar com carinho. Hoje paro um pouquinho pra pensar no que vou deixar nessa casa, mas me alegro muito no que aprendi e naquilo que quero manter, pra criar novas lembranças no meu novo lar, pra criar novas mudanças no meu novo lar. Porque ai talvez eu seja a louca paranoica que olha pra porra da janela imunda do quarto e pensa em pessoas muito importantes que pareciam se importar. Ai eu vejo que hoje eu tenho mais carinho por essa pessoa que sou e espero que você que tenha deixado uma marca nessa janela também possa compartilhar dessa mudança. E espero que possa pensar em você mesmo com mais carinho. Espero me tornar cada vez mais a pessoa que acha fofa uma janela suja. E espero criar mais marcas em janelas.

Basileia 509

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Escolha melhor as suas batalhas. [Sobrevivência não é uma competição.]



Recentemente eu ando pensando muito na loucura, aquela de verdade mesmo, que impõe o caos da nossa mente e nos faz ser diferente do que somos ou gostaríamos de ser. Lembro da minha bisa espanhola com 91 anos e um sotaque forte assim como a família que esta mulher criou. Meu avô hoje está se esquecendo aos poucos de coisas importantes, as vezes se esquece de coisas pequenas... aos poucos, todos nós que tentamos a cada dia, não matar nossa esperança de um dia melhor, acabamos cansados demais e começamos a acostumar ser outra pessoa, estamos esquecendo de nós e isso vem com a idade.
Somos pessoas diferentes e tudo o que falamos ou sentimos está ligado a algo, a natureza caótica e inerente a realidade nos faz pensar que quando estamos sozinhos estamos seguros e por isso talvez tanta gente resolveu falar de coisas tão importantes sem parar pra pensar tanto nessas coisas. Pisamos na terra mas não a sentimos. Temos feito isso com nosso eu interno. Eu quando ando pela rua finjo ser quem eu sou quando estou sozinho tomando meu banho. Todas essas personalidades que criamos quando estamos sozinhos, todos esses eus dentro das nossas cabeças são partes importantes da nossa personalidade que tentamos extinguir aos poucos para nos sentirmos mais pertencentes a esse mundo de merda que todo mundo reclama.

Filósofos antigos deram a resposta. Devemos nos tornar quem somos porque um dia inevitavelmente deixaremos de ser. Nem precisamos morrer pra isso, aos vinte e poucos já tem gente cansada demais. Nas diferenças entre todos nós, eu me pego pensando por exemplo que homens e mulheres tomam banho de um jeito diferente, a agua escorre diferente pelos corpos despadronizados e parece algo banal eu pensar no movimento de cabeça de outras pessoas durante o banho, mas nossa sociedade já decidiu banalizar o próprio mal de uma forma que me incomoda, a ponto de pensar que poucos homens que eu conheço lavam o próprio cu com a mesma energia que limpam o umbigo por um medo babaca de se tocar em alguns pontos do próprio eu.

Minha bisa aos 91 anos já não lembrava direito onde morava e meu vô hoje não tem certeza se já conheceu todos os netos, eu... Eu que já não sou hoje o homem que era ontem, no mesmo dia me olho no espelho e me sinto mulher, horas o sexo frágil, horas um mulherão da porra. Num geral, eu estou fingindo o tempo todo que o mundo não é tão ruim, que não tem geladeiras cheias de água apenas, que a pessoa me olhando estranho com meu batom vermelho e barba laranja na esquina de casa talvez não entenda muito sobre fluidez de gênero ou outras coisas assim, mas mesmo assim essa pessoa queira mudar o mundo pra melhor e para todos. Talvez ele não pense na banalização do mal, talvez ele não tenha alguém que ama muito deixando de ser quem é dia a dia, talvez ele só não perceba isso, talvez ele não esteja bem pra pensar nisso hoje. Tudo bem, cada um leva seu tempo e luta suas lutas internas. Que um dia a gente consiga conversar de verdade e tentar entender melhor as pessoas. Afinal, não é possível que só as vozes na minha cabeça concordem comigo. Enquanto eu continuo andando pela rua com meu batom vermelho e minha barba laranja, na tentativa ingênua de reafirmar ou demonstrar o que sou. Eu sigo deixando de ser e tentando lembrar quem eu sou. 

Escolha melhor as suas batalhas, sobrevivência não é uma competição.

quarta-feira, 10 de abril de 2019

As arvores somos nos [Porque amizade é um amor que basta em si mesmo]



Quando a gente se reúne com amigos, daqueles que pensam como a gente, que são parecidos e que a gente tem tanta coisa pra conversar. Quando a gente se une porque se faz bem e reserva uma parte de um tempo para estar junto porque se faz bem e passa muito tempo, ou todo o tempo que pode ou um bom tempo quando pode com esses amigos, você vai tendo muitas conversas e descobrindo que mesmo amigos, mesmo fazendo bem um ao outro, mesmo sendo tão parecidos, mesmo assim ainda são tão diferentes. Quando você vai conhecendo alguém você descobre coisas dela que você não viveu, sabe de medos, traumas, família, romances, a falta de romances... Vai vendo como a pessoa se comporta perante as situações que ela te conta e que você não estava lá. E se mesmo vendo que a pessoa age de forma diferente da que você agiria você gosta do jeito diferente dela ser, você percebe que gosta dessa pessoa e que quer passar mais tempo com ela. Porque ela é boa para você, porque ela te faz bem, porque ela te ouve. Porque mesmo demorando 6horas pra responder uma mensagem, ela responde. E quando responde você meio que gosta da resposta. E se a demora pra responder foi algo importante, você conversam sobre o porquê da demora, se entendem e voltam a falar sobre o que realmente importa. Como você tá hoje? Talvez seja uma maneira de recomeçar.

Talvez você tenha pensado nas ultimas linhas sobre um relacionamento amoroso, mas saiba que não era a intenção. Eu passo e passei por situação assim com várias rodas de amigos que a gente senta pra conversar. Uma das coisas que crescem em meio as coisas que fazem bem é amizade. Porque ela é uma das mais verdadeiras expressões de amor. Talvez você não namore, mas tenha um amigo pra mandar mensagem as 3horas da manhã caso algo te preocupe. Talvez nada te preocupa tanto porque você sabe que tem amigos que podem lhe fazer mais bem que o problema que te preocupa possa fazer mal. Talvez quando disseram: “já que não ama, faça como se amasse” estavam falando em relação a convivência “faça como se fizesse para um amigo” ou “ama como a ti mesmo”.

É interessante que numa conversa de madrugada com um amigo possa te fazer reflexionar sobre o livre arbítrio e o estado natural do ser humano construindo aos poucos normas mais amorosas de se conviver, mesmo falando sobre um jogo de tiro do velho oeste americano. É bom ter gente pra conversar, a gente cresce tanto quando partilha nossas inteligências, a gente muda tanto quando entende as diferenças. Temos que dar mais valor as relações que construímos, elas vão se tornar algo no futuro que não nos pertence. Eu não sinto falta de alguém na minha vida, porque eu tenho a mim mesmo amado como sou por mim mesmo e isso fica claro a todas as pessoas que chegam a ponto de irmos nos descobrindo, nos amando de várias formas e construindo um futuro que quando a gente olha pra trás vê que ele chegou e a caminhada foi leve como a vida tem que ser.

É tipo aquela coisa sobre cuidar do jardim que as borboletas vem. Antes disso temos que ver na verdade que em todas as nossas esquisitices somos arvores frutíferas que andam por ai sozinhas no grande quintal que é o mundo e se resolvermos fincar raízes em alguns lugares vai ser ótimo, mas temos que olhar o belo caminho que deixamos e as sementes que cresceram e onde cresceram, não tem mal nenhum em retirar algumas ervas daninhas e em reservar algumas sementes suas para terrenos mais férteis, mas temos que saber que estas sementes que carregamos de nós mesmos é a forma de permanecermos na existência do mundo. É necessário plantar, mesmo que não se pretenda colher. O mundo precisa de mais arvores como nós, o mundo precisa reconhecer mais a beleza estanha que trago em mim.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Meu amor é de Humanas.


Dessa vez eu quero perguntar o que é rápido demais em vez de quão longe é longe demais. Qual a velocidade que devemos seguir? Que sistema métrico aplicar? O Tempo nessa equação divide ou multiplica? Não é biológico a atração? Ir devagar significa te beijar 3, 6, 9 vezes? Sair contigo 2, 4, 8 vezes? Quanto tempo demora pra gente perceber que não importa o tamanho do meu futuro ou para onde ele vai para eu dizer que te quero nele?

Eu acho que tem poucas coisas que o Pequeno Príncipe não explica. Umas dessas frases é a de ser eternamente responsável por algo que se conquistou. Eu adoro o quanto ele fica indignado com a Raposa. Eu me imagino dizendo pra ela: “COMO CARALHOS EU POSSO SER RESPONSÁVEL POR UMA CONSEQUÊNCIA DE ALGO QUE NÃO ERA MEU INTUITO?”. Demorou muitas lidas para eu começar a entender que é um absurdo o valor da ação estar na consequência de algo não intencional, mas muitas vezes está. Porque a intenção da frase talvez não seja com apelo romântico. Afinal a gente não se apaixona só por uma pessoa. Eu sou apaixonado por uma senhora que eu conheço e que não tem nenhuma vocação para o sofrimento. Sou apaixonado também por um menininho magrelo que com toda a convicção acredita nele mesmo. Eu me apaixonei uma vez por um par de olhos que são quase tão grandes quanto os meus sonhos e mesmo que menores meus sonhos todos cabem nestes olhos.

Eu não posso ser responsável por algo que conquistei se não fui o único culpado. Mas é que nessas nossas conversas sobre o universo, ou multiverso e filmes da MARVEL, eu meio que estava lá colocando meu olhos nos seus, reparando na certeza que você tinha quando falava em física e na insegurança enquanto eu falava em construção de personagens ligando eles a fluidez do universo e da sexualidade. As vezes a gente estava só lá bebendo e eu comunicando tudo o que sou não vi você fazendo as interpretações de mim que tanto dizem respeito a você. Eu não posso ser o único culpado da gente se apaixonar. E quando esse tipo de paixão aparece, temos que cuidar juntos para não perde-la. Somos responsáveis por ela e ela é o X dessa complicada questão.

Sabe o quão difícil é encontrar alguém que realmente mexa com você, que pareça ser legal e que desperte interesse? Muito difícil! [pra não falar outro palavrão no mesmo texto]. E agora vamos ignorar seja o que for que dá um calorzinho no coração? Responder uma mensagem depois de 3 dias e afastar mais alguém por medo de parecer fácil demais, disponível demais e livre demais pra se prender a coisas tão raras sendo que tem tanto pra se viver? Ah por favor. Mesmo num sistema político e social nada altruísta e em uma liberdade nenhum pouco fácil de se manter... Você surgiu. E vou eu fazer de conta que não foi nada o presente presente? Aquela mulher forte que chamo de mãe e que também sou apaixonado me criou pra ser melhor do que isso. Sinta a Terra tremer e ouça meu coração explodir novamente porque eu sou feita para o amor da cabeça aos pés.

Perdemos tempo demais com dicas de auto ajuda que pipocam na timeline, buscando uma definição de amor próprio que ninguém realmente entende o que é. Minha filosofia é de que eu quero que a outra pessoa saiba que eu quero, e quero que saiba o que eu sinto e que tempo não tem nada a ver com intensidade e se eu demorar 18 anos pra dizer ou não o que eu sinto nada justifica o amor além de saber que nenhuma pessoa é igual a outra, você só sabe como o outro faz você se sentir. E se isso não for forte o bastante pra te fazer seguir seu coração então eu não sei o que pode ser, mas um joguinho de desapego/desinteresse definitivamente não é. Amor também é reconhecer as fragilidades do outro e o tempo que se leva para chegar a algo, mas cada sinal da equação conta e cada possibilidade leva a algo no universo, que a gente não perca tempo não dando valor ao que realmente importa. Ter alguém por perto é maravilhoso podemos sonhar mesmo com amigos sobre não ter filhos ou ter filhos livres e conscientes de que relacionamentos não são estáticos, definições não valem o sentimento e que o mundo é um grande quintal onde todos podem e devem ser. Seja com um super estiloso terno Armani, Prada ou D&G ou nossos colares de barbante com uma pedra colorida porque o Amor é.


quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Reinventar ou descobrir o amor?


Eu vejo uma nova geração, de uma galera nova que fala sobre política, que discute religião, que transa com quem quer e que dos amigos próximos já provou os beijos, vejo pessoas que definem a sexualidade muito mais por pertencimento e conhecimento do próprio eu, do que para manter rótulos frágeis. Tem essa nova geração que sabe que não dizer o que se sente é tão anos 90 e que acha que precisa reinventar o amor. Se acham tão cheios de amor próprio que boicotam o amor e se afundam em hipocrisias. 

Quando pessoas assim encontram outra pessoa que também tenha aquele vazio existencial, aquela vontade de mudar o mundo, aquela descrença no mundo, no outro em si mesmo... Quando encontram pessoas assim, similares ao eu contido que se esvai entre memes e crushs diversos de uma liberdade aprisionante pra reafirmar-se livre. Essa nova geração tem a regra da autossuficiência, todo mundo estuda alguma coisa, pretende outra, sabe onde quer chegar e o quão longe está disso, todo mundo ri de memes, ganha likes e interpreta corações em redes sociais. Quando pessoas assim encontram outra pessoa que também tem esse vazio existencial lá dentro se questionam se ele é impreenchível ou se são esse vazio.

Criamos na liberdade a prisão do desapego. Uma geração tão solteira que que cansou do cardápio estereotipado, sabem o que querem no outro, mas não praticam em si, por proteção. E quando encontram alguém talvez mais frágil [ou tão frágil quanto] justificam suas falhas no outro, ficamos estagnados a necessidade de ajudar o outro a entender, ancoramos naqueles que precisam de ajuda, dizemos que é necessário sonhar com aqueles que sejam seu “estranho tipo de gente” e isso não está nem perto de ser amor.

Poliamor não é sair pegando todo mundo e chamar isso de relação. É ouvir uma música especial e pensar naquelas pessoas com a mesma intensidade de um jeito diferente. Se você transar com uma pessoa por que quer transar com uma pessoa, mesmo que você queira ir ao cinema com outra, tomar umas com outra, ir conversar com outra, passar a tarde de domingo com uma e maratonar series com aquela, mesmo que você queira várias pessoas de várias maneiras o amor quando o descobrirem, redescobrirem ou perceber pessoas que o reinventaram saberá que é nos detalhes que ele é vivido. E ai... crush, ficante, namorado. Ex namorado, amor da vida, amigo que a gente transava, amigo que a gente ainda quer transar e amigo que a gente transa, são rótulos tão obsoletos.  Esses são parceiros de momentos que formam a vida boa, o amor vivido no detalhe, parceiros que o partilham em milhões de pedações intensos.

Todo mundo acaba pegando uma conta emprestada da Netflix pra passar o tédio de uma noite de sábado as vezes, todo mundo uma hora olha pro lado e acha que ninguém entende e que somos especiais demais. Sejamos então, vamos parar de nos envolver em acordos desnecessários entre a monogamia e a liberdade e achar que uma é oposta a outra.

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