quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Mainha me ensinou [S.T.S.R]

 eu nunca fui uma pessoa fácil, nem como adulto e muito menos quando criança. Mas Mãe, em um dia nada especial, eu olhei para o Sol, pensei em coisas, lugares e pessoas que amei e de todos os rostos que vi, você foi o que esteve sempre ao meu lado, nesse vislumbre, percebi a força que temos quando estamos juntos, o mundo pode vir com tudo e nos derrubar, nós continuaremos tentando, nós continuaremos voando, com uma criatura como você ao meu lado eu vencerei exércitos e suportarei toda a dor. Através de toda a mentira e caos do mundo você tem sido a verdade e inspiração, pois como você diz, eu sempre fui diferente, nunca me senti um ser humano comum e parte disso é culpa sua, pois eu não sou um ser humano comum por ter você como mãe, isso por si só já me torna especial, ser seu filho.” [Do meu texto “Mãe”.] 



Hoje eu queria aproveitar pra falar uma pouquinho sobre a minha mãe. Mas vou contar uma história. 

“A história é atribuída a antropóloga lésbica norte-americana Margaret Mead (1901-1978), que integrou a corrente teórica da Escola Americana relacionada aos comportamentos e aos padrões culturais.

Indagada por um aluno sobre o que ela considerava ser o primeiro sinal de civilização do ser humano, Margaret respondeu de forma diferente da esperada. Não disse que anzóis, panelas de barro, pedras de amolar ou outros utensílios foram os primeiros sinais de civilização, mas sim um fêmur (osso da coxa) quebrado e cicatrizado.

Mead explicou que, no reino animal, se você quebra a perna, você morre. Você não pode correr do perigo, ir até o rio beber água ou caçar comida. Você é carne fresca para os predadores. Nenhum animal sobrevive a uma perna quebrada por tempo suficiente para o osso sarar.

Um fêmur quebrado que cicatrizou, acrescenta, é evidência de que alguém dispensou tempo para ficar com aquele que caiu, tratou da ferida, levou a pessoa à segurança e cuidou dela até que se recuperasse. Ajudar alguém durante a dificuldade é onde a civilização começa, finaliza a antropóloga. Esse é, também, o princípio do cristianismo: fazermos para as outras pessoas, o que gostaríamos que nos fizessem, assim como advertiu Jesus: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não existe qualquer outro mandamento maior do que estes’ – Marcos 12:31 ¹

E minha mãe me ensinou sobre gente. No dia a dia, sobre gente que ama, gente que sonha, gente que vive num mundo tão belo, gente que faz amizade por causa do jardim que você tem e pra pedir mudinhas de plantas. Minha mãe é dessas que anda com uma tesourinha na bolsa pra pegar mudinhas na rua. [Como não amar essa mulher?]. Ela não planta em vão, só porque as plantas são belas ou dão flores, ela ensina a qualquer um que um jardim bem cuidado proporciona felicidades, de ter um chá pra curar azia, dor de cabeça, friagem e acho que durante a minha adolescência ela me fez uns chás de curar feridas de amor. Minha mãe me explicou porque tem gente que não sabe amar e como temos que reagir a elas, que um jardim bem cuidado, repleto de amor e tempo, uns adubo, umas tarde sentado ao Sol, que o pé na terra manda pro mundo as energias que a gente não quer e transforma tudo. Minha mãe me ensinou a olhar a natureza e me espantar com sua beleza, também me ensinou que chorando a gente a gente se refaz, que todo jardim precisa de umas regas dessas, que cada pessoa tem seu tempo, assim como as plantas. Tudo precisa de amor e agua é vida. Minha mãe me ensinou sobre gente que mesmo com pouco cuida do que tem e divide quando sobra, da fruta que a arvore dá ao “bom dia” ao cobrador. Minha mãe me ensinou que comida é sagrada, que a gente tem que observar o que entra no nosso templo/corpo e verificar o que causa. Sabe quando falam que o mundo perdeu muitas pesquisadoras fantásticas que acabaram cuidando do lar? Minha mãe ouvia e cantava em italiano algumas musicas, elas sentava, ouvia, lia junto em italiano sem nunca ter feito curso de italiano, procurava a tradução [sem internet] e aprendia.
Ela também me ensinou a estudar, E EU SOU DISLEXO. Minha mãe me ensinou sobre musica, mas mais importante ainda, ela me ensinou que até as arvores dançam ao vento, com o batucar da chuva, com a força do ar e com cheiro de terra se espalhando, logo a gente não devia ter vergonha nenhuma de dançar. Minha mãe me  ensinou que isso também é sagrado, que se existe um Deus ele está presente não só em cada folha de arvore que cai, mas dentro de toda a gente. Que ser humano faz parte da natureza e que essa energia chamada felicidade só é completa se dividida. Me ensinou que conversar é bom, que silencio é bom, que gritar é bom e que amar é um jeito de sempre estar certo. A deusa Atenas da Grécia, era a deusa da Sabedoria em batalha, ela com toda a simbologia da sabedoria da época não tinha filhos, porque ser mãe ia requerer dela total atenção. Eu acho a palavra mãe grandiosa justamente pela mãe maravilhosa que eu tive. Eu acho que não teria palavra forte o suficiente em alemão pra expressar a força que minha mãe tem, ela me ensinou a me amar e a amar todos aqueles que são diferentes de mim, as vezes minha mãe até recorria as palavras de Deus, músicos, poetas, professores, astrólogas, benzedeiras, psiquiatra pra tentar entender a criança doida que eu era e de tudo que ela podia me ensinar ela sempre me ensinou que o abraço é o remédio do coração e que “Amor” é a forma certa de agir. E eu depois que cresci com o exemplo da determinação dela, questionei até os deuses e suas existências em meu livros, estudos, musicas, eu que precisa de tempo, eu que precisa aprender ela esta sempre ali, disposta a amar, se há um deus Amor ele há de ser Mãe. Não tem qualidades, palavras, que eu possa tentar atribuir pra falar sobre o orgulho, o privilégio, a benção, ou pra falar sobre o quanto ela é uma existência maravilhosa, apesar de todas as encrencas, não há língua que tenha inventado elogio que caiba, só me resta dizer
PARABENS!


*¹ https://www.cartacapital.com.br/blogs/dialogos-da-fe/empatia-esperanca-e-fe-o-que-podemos-aprender-com-a-crise-do-coronavirus/

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