terça-feira, 31 de março de 2015

Paixão [um mal necessário]



Pra começar é preciso me explicar um pouco como escritor, eu não escrevo porque tenho muito a dizer para o mundo, nem porque quero ser lido, ou famoso, eu escrevo pelo mesmo motivo que choro, porque estou cheio de sentimentos, escrevo porque vazo, choro porque estou com raiva, porque estou com dor [física ou não], escrevo porque estou apaixonado...

Ahh paixão, essa vilã mascarada que muitas vezes é confundida com o amor, cuidado com ela caros leitores, porque eu não acho que o amor seja cego, eu acho que a paixão lhe arranca os olhos, tira seu discernimento, te deixa abobado, ela vem com um aviso imenso de que é mortalmente perigosa e incrivelmente sádica, mas vem com uma capa tão boa que nos faz ler um romance água com açúcar que não gostaremos do final e ignorar o letreiro luminoso escrito “SE AFASTE” que vem com ela. Ela se disfarça de amor para aqueles que não o conhecem ainda ou estão aflitos e desesperados para encontra-lo novamente, a paixão é o fogo de palha que queima todo o celeiro que você construiu para se proteger, paixão te faz ver os defeitos da pessoa e achar que eles vão mudar, a paixão vem pra sabotar seu raciocínio, pra te fazer tremer nas bases pra colocar borboletas e pedras de gelo no seu estomago.

Lembra da mitologia grega em que Afrodite[deusa do amor] era casada com Hefesto[deus do fogo e do trabalho] e mesmo assim tinha suas escapulidas com Ares[deus da guerra] e dessas fugidinhas do casamento Afrodite e Ares tiveram o Cupido como filho que foi entregue a Hefesto que o criou como seu filho? O Cupido como todos sabem e já xingaram muito é o deus do amor, mas essa tradução é vaga, o Cupido muitas vezes é visto como o deus da paixão, e é uma bela representação dele, pois há uma ótima comparação entre a velocidade da flecha que ele atira de seu arco magico com a paixão, ambas abrem as portas para o amor entrar, a flecha do Cupido vem da forja de Hefesto, impactante como a Guerra e intensa como o Amor, exatamente como a paixão. O amor é o filho que você terá com a paixão, então quando a paixão vier lhe visitar cuide dela e aceita que dói menos, ele pode te levar ao inferno ou aos céus, e ela não é amor ainda, mas te prepara pra ele, toda paixão que você teve foi pra te ensinar a amar, pra te preparar pra pessoa tão imperfeita quanto você que se tornará indispensável na sua vida. Ela passa, mas é como a vela que vai queimando até se apagar mas que te deu luz e calor enquanto era possível manter a chama.

E quando é que a paixão vem? Ela vem de forma trivial, quando você menos espera, pode ser na fila do mercado, na cantina da faculdade, andando pela rua, e pode durar da estação Tamanduateí até o Sacomã mas o importante é que ela seja sentida, vivida, intensa como deve ser, porque nos tempos de hoje que a bandeira da paumolecência foi hasteada em praça publica ao lado da estatua da mornidão devemos mostrar ao tom pastel nosso neon, não devemos nos controlar, e ouvir sim milhões de vezes aquele áudio que a pessoa te mandou antes de dormir, devemos sim baixar a foto dela no celular e mostrar pra todo mundo ou ficar olhando varias vezes o perfil do instragram e entrar em todos os álbuns de fotos no facebook, que seja apenas uma mensagem de “bom dia” pela manhã porque você não vai ter tempo pra nada hoje, mas que você fica olhando o celular milhões de vezes pra ver se a pessoa respondeu porque vamos combinar seja como for o final da historia, é maravilhosa a sensação de sorrir depois de uma mensagem no whatsapp, é delicioso sentir seu estomago gelar quando marcam de se encontrar daqui a dois dias, quando a casualidade de ambos serem viciados em café se torna magico, quando você ouve uma musica ou lê algo bonito e pensa na pessoa que está apaixonado... Porque se tem algo que eu acredito é que é bom ter um pé de pimenta em casa pra afastar o mau olhado, que devo escolher atentamente a cor da roupa que usarei no ano novo e que devo me apaixonar todas as vezes que for possível. Porque devemos viver enquanto estivermos vivos.


“Sim, a gente pode acabar em dois dias, ou durar ainda dois mil anos. Não sabemos qual das duas hipóteses, e por isso, é difícil pra muita gente se interessar por alguma coisa.”
— 
Charles Bukowski. 




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