domingo, 12 de abril de 2020

A Promessa Mais Importante [O que Pretendemos Cumprir]



Uma vez numa conversa qualquer eu mandei a música I’ll Stand By You – The Pretenders para alguém.  Eu gosto particularmente dessa música porque ela vai de encontro a muita coisa que eu penso. Eu acho que tem promessas que as pessoas fazem que não sabem ao certo a consequência de fazê-las. Podem me julgar mas eu não acredito muito quando falam “pra sempre”. “Eu vou te amar pra sempre” quando me deparo com essa frase eu penso na quantidade de coisas que podem acontecer num pra sempre e se a pessoa está pensando na fidelidade daquilo que ela está prometendo. Eu penso no amor como uma das forças mais potentes do universo e acredito que ele seria em si a solução de tudo. E acho que ele é tão potente justamente pelas transformações que ele causa e as transformações dele mesmo. Em filmes ou livros o amor de início é diferente de amor do meio, que é um amor diferente no fim da história.  Nós nunca sabemos qual será o fim da nossa história, nem quando é o meio e já confundimos paixões e desejos com amor.

A canção é alguém falando com outra pessoa, dizendo:

Por que você está tão triste?
Com lágrimas nos olhos
Venha ficar comigo agora
Não tenha vergonha de chorar
Deixe eu ver você por dentro
Pois já vi o lado negro também
Quando a noite cair sobre você
E você não souber o que fazer
Nada que você confesse
Pode fazer com que eu te ame menos”

Meu jeito de amar não precisa ser o mesmo que o de mais ninguém, mas pra mim esse jeito cai muito bem, eu gosto de reparar nas pessoas que eu amo, ver as mudanças, saber o que está acontecendo, eu não ligo se elas estão tristes, felizes, bêbadas, desabafando, elevando seu ego... tanto faz. Porque se eu amo alguém, eu amo aquilo que a pessoa é, sabendo que nada no mundo é fixo ou permanente, tenho que olhar pro outro e lembrar que ele está sendo ele e que isso muda, assim como eu o estou amando no presente e ele acaba. A forma que o amor encontra pra permanecer é mudar constantemente. Quando passo a conhecer uma parte da outra pessoa que não conhecia ainda, o que se supõe é que eu amaria essa nova parte. Não é sempre assim. Muitas vezes encontro naqueles que amo coisas que eu não tolero, mas geralmente elas são passageiras, e a gente uma hora conversa sobre isso porque esse é assunto pra outro texto. O que me pega nessa música é que o sujeito está disposto a amar, ele repara, pergunta, demonstra empatia sobre os momentos tristes e diz: “Nada que você confesse, Pode fazer com que eu te ame menos”. Essa também é uma promessa muito difícil de se cumprir se você não estiver disposto a amar aquilo que a pessoa é e respeitar como ela está.

 A melhor forma de me amar foi me dar a definição de louca, assim eu entendo que as vezes eu não vou fazer as coisas como a maioria das pessoas fariam, ou me perdoar quando eu descobri que não sigo uma linha de raciocínio normal, o Chapeleiro uma vez me disse que as melhores pessoas são loucas. Eu amo a louca que habita em mim e se outra pessoa quiser me amar, vai ter que conviver com essa louca paranoica. Afinal ela é parte do que eu sou. Mas não basta ser louca e me amar, eu sinto que tenho muito amor pra dar, as pessoas também são muito loucas, algumas amam de umas formas complicadas e algumas nem sabem amar ainda, eu mesmo não defini minha forma de amar como a perfeita, acho que tem outras muitos plausíveis, afinal cada qual com o amor que lhe cabe, por isso ele é pra todo mundo. Por isso ele é tão importante. É que se eu pudesse eu resolveria todos os problemas das pessoas eu amo, se eu pudesse eu realmente protegeria elas dos pensamentos cruéis que elas tem delas mesmas, se eu pudesse estar a todos os momentos ajudando a fazer dessa vida um lugar melhor, eu faria. Mas eu não posso, pra que a outra pessoa seja ela mesma há a necessidade de um espaço, pra que eu não interfira, o amor também está na admiração. E eu posso te amar, até mesmo quando você não está vendo o quanto de amor você merece, mas é preciso que você seja quem você é pra que eu te ame. Ou apenas estarei amando a ideia que construí de você. Por isso o amor leva tempo, não se conhece alguém do dia pra noite. Não se pode prever tudo, e temos que lembrar que a outra pessoa tem um universo inteiro dela mesma pra desvendar. Mas há de ter interesse, vontade, e disposição, eu acho que a promessa “Eu estou aqui” é muitas vezes melhor do que um “eu te amo pra sempre”.

Isso me leva a reflexão de quem quiser ficar que fique, amar não é fácil, mas não é pra ser doloroso, a gente pode entender os amigos, passar pano pra crush, aceitar que aquela é uma maneira diferente das pessoas amarem e recusá-la caso ela não for o suficiente. Às vezes é mais fácil amar o próximo quando ele está longe. Mas eu gosto da música que citei, porque ela fala sobre amor em um momento vulnerável. Sabe quando tu está na merda e tem as pessoas certas pra falar? Ou um abraço importante que não precisa de diálogos, ou um colo pra deitar sem dar satisfações, sem medo de ser julgado e nem a necessidade de ser entendido. Eu acho que ai o amor se manifesta em uma das melhores faces. 

Eu tenho uns momentos que nem eu mesmo quero estar comigo, que posso ceder aos pensamentos cruéis, que posso fazer confusão e não entender direito o que se passou. E se nem eu mesmo estou me amando nesses momentos, tudo o que eu preciso é que algo me lembre que tudo bem não estar tudo bem sempre. Nem que seja alguém pra “estar ali” da forma que for. Porque amar pode ser uma conversa de horas e horas e horas, pode ser o êxtase transcendental do gozo, pode ser todas as minhas palavras e a incerteza de você compreende-las. Mas tem que haver desejo de estar junto, ou disposto a compartilhar também os momentos incertos. Eu amo aquilo que desejo, eu amo enquanto desejo, amo na intensidade que desejo e te amo nas probabilidades de você ser o que eu amo. Se você não for aquilo que eu pensei que era, e se meu amor não couber ali, ou não for o suficiente, mesmo assim não te torna menos digno de amor. Estou aqui caso você precise ou queira, é uma promessa que posso fazer. Diga que ama, mas lembra: amar não é dizer. 
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