quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Reinventar ou descobrir o amor?


Eu vejo uma nova geração, de uma galera nova que fala sobre política, que discute religião, que transa com quem quer e que dos amigos próximos já provou os beijos, vejo pessoas que definem a sexualidade muito mais por pertencimento e conhecimento do próprio eu, do que para manter rótulos frágeis. Tem essa nova geração que sabe que não dizer o que se sente é tão anos 90 e que acha que precisa reinventar o amor. Se acham tão cheios de amor próprio que boicotam o amor e se afundam em hipocrisias. 

Quando pessoas assim encontram outra pessoa que também tenha aquele vazio existencial, aquela vontade de mudar o mundo, aquela descrença no mundo, no outro em si mesmo... Quando encontram pessoas assim, similares ao eu contido que se esvai entre memes e crushs diversos de uma liberdade aprisionante pra reafirmar-se livre. Essa nova geração tem a regra da autossuficiência, todo mundo estuda alguma coisa, pretende outra, sabe onde quer chegar e o quão longe está disso, todo mundo ri de memes, ganha likes e interpreta corações em redes sociais. Quando pessoas assim encontram outra pessoa que também tem esse vazio existencial lá dentro se questionam se ele é impreenchível ou se são esse vazio.

Criamos na liberdade a prisão do desapego. Uma geração tão solteira que que cansou do cardápio estereotipado, sabem o que querem no outro, mas não praticam em si, por proteção. E quando encontram alguém talvez mais frágil [ou tão frágil quanto] justificam suas falhas no outro, ficamos estagnados a necessidade de ajudar o outro a entender, ancoramos naqueles que precisam de ajuda, dizemos que é necessário sonhar com aqueles que sejam seu “estranho tipo de gente” e isso não está nem perto de ser amor.

Poliamor não é sair pegando todo mundo e chamar isso de relação. É ouvir uma música especial e pensar naquelas pessoas com a mesma intensidade de um jeito diferente. Se você transar com uma pessoa por que quer transar com uma pessoa, mesmo que você queira ir ao cinema com outra, tomar umas com outra, ir conversar com outra, passar a tarde de domingo com uma e maratonar series com aquela, mesmo que você queira várias pessoas de várias maneiras o amor quando o descobrirem, redescobrirem ou perceber pessoas que o reinventaram saberá que é nos detalhes que ele é vivido. E ai... crush, ficante, namorado. Ex namorado, amor da vida, amigo que a gente transava, amigo que a gente ainda quer transar e amigo que a gente transa, são rótulos tão obsoletos.  Esses são parceiros de momentos que formam a vida boa, o amor vivido no detalhe, parceiros que o partilham em milhões de pedações intensos.

Todo mundo acaba pegando uma conta emprestada da Netflix pra passar o tédio de uma noite de sábado as vezes, todo mundo uma hora olha pro lado e acha que ninguém entende e que somos especiais demais. Sejamos então, vamos parar de nos envolver em acordos desnecessários entre a monogamia e a liberdade e achar que uma é oposta a outra.

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