quarta-feira, 10 de abril de 2019

As arvores somos nos [Porque amizade é um amor que basta em si mesmo]



Quando a gente se reúne com amigos, daqueles que pensam como a gente, que são parecidos e que a gente tem tanta coisa pra conversar. Quando a gente se une porque se faz bem e reserva uma parte de um tempo para estar junto porque se faz bem e passa muito tempo, ou todo o tempo que pode ou um bom tempo quando pode com esses amigos, você vai tendo muitas conversas e descobrindo que mesmo amigos, mesmo fazendo bem um ao outro, mesmo sendo tão parecidos, mesmo assim ainda são tão diferentes. Quando você vai conhecendo alguém você descobre coisas dela que você não viveu, sabe de medos, traumas, família, romances, a falta de romances... Vai vendo como a pessoa se comporta perante as situações que ela te conta e que você não estava lá. E se mesmo vendo que a pessoa age de forma diferente da que você agiria você gosta do jeito diferente dela ser, você percebe que gosta dessa pessoa e que quer passar mais tempo com ela. Porque ela é boa para você, porque ela te faz bem, porque ela te ouve. Porque mesmo demorando 6horas pra responder uma mensagem, ela responde. E quando responde você meio que gosta da resposta. E se a demora pra responder foi algo importante, você conversam sobre o porquê da demora, se entendem e voltam a falar sobre o que realmente importa. Como você tá hoje? Talvez seja uma maneira de recomeçar.

Talvez você tenha pensado nas ultimas linhas sobre um relacionamento amoroso, mas saiba que não era a intenção. Eu passo e passei por situação assim com várias rodas de amigos que a gente senta pra conversar. Uma das coisas que crescem em meio as coisas que fazem bem é amizade. Porque ela é uma das mais verdadeiras expressões de amor. Talvez você não namore, mas tenha um amigo pra mandar mensagem as 3horas da manhã caso algo te preocupe. Talvez nada te preocupa tanto porque você sabe que tem amigos que podem lhe fazer mais bem que o problema que te preocupa possa fazer mal. Talvez quando disseram: “já que não ama, faça como se amasse” estavam falando em relação a convivência “faça como se fizesse para um amigo” ou “ama como a ti mesmo”.

É interessante que numa conversa de madrugada com um amigo possa te fazer reflexionar sobre o livre arbítrio e o estado natural do ser humano construindo aos poucos normas mais amorosas de se conviver, mesmo falando sobre um jogo de tiro do velho oeste americano. É bom ter gente pra conversar, a gente cresce tanto quando partilha nossas inteligências, a gente muda tanto quando entende as diferenças. Temos que dar mais valor as relações que construímos, elas vão se tornar algo no futuro que não nos pertence. Eu não sinto falta de alguém na minha vida, porque eu tenho a mim mesmo amado como sou por mim mesmo e isso fica claro a todas as pessoas que chegam a ponto de irmos nos descobrindo, nos amando de várias formas e construindo um futuro que quando a gente olha pra trás vê que ele chegou e a caminhada foi leve como a vida tem que ser.

É tipo aquela coisa sobre cuidar do jardim que as borboletas vem. Antes disso temos que ver na verdade que em todas as nossas esquisitices somos arvores frutíferas que andam por ai sozinhas no grande quintal que é o mundo e se resolvermos fincar raízes em alguns lugares vai ser ótimo, mas temos que olhar o belo caminho que deixamos e as sementes que cresceram e onde cresceram, não tem mal nenhum em retirar algumas ervas daninhas e em reservar algumas sementes suas para terrenos mais férteis, mas temos que saber que estas sementes que carregamos de nós mesmos é a forma de permanecermos na existência do mundo. É necessário plantar, mesmo que não se pretenda colher. O mundo precisa de mais arvores como nós, o mundo precisa reconhecer mais a beleza estanha que trago em mim.

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