Eu sei que as vezes
escrevo ao estilo “Carpe diem” essa filosofia de burgues que
tanto odeio, eu sei que as vezes sou muito Pollyanna paz e amor que me
irrita, eu sei que as vezes me entrego a uma brisa que nem sei de
onde vem, mas é porque penso muito antes de escrever, é que a arte
que sai me transborda e antes disso ela é regada, cultivada e
adubada dentro de mim, uso as palavras pra quem sabe espalhar coisas
boas, então os pensamentos que jogo ao mundo tem que transparecer
isso, no dia a dia sou bem diferente acreditem, a resposta está
sempre na ponta da língua e quase nunca ela é amável mas sempre
sincera. E hoje de forma diferente eu sentei e apenas queria botar
pra fora sabe lá o que. Ando sem escrever a um tempo, fui pego por
uma febre que me deixou alguns dias na cama e fiquei muito reflexivo,
já pararam pra olhar pra onde estamos correndo?
Assim que acorda uma pessoa hoje em dia tem uma 50 mensagens no whatsapp pra ler e responder, algumas notificações no Facebook, coisas que nos marcaram e devemos ver, fotos que alguém postou, a atenção que nos é dada ao curtirem nossas fotos no instagram, responderam o e-mail que mandei ontem no final da tarde? Tenho que verificar, tem coisa nova no Twitter também e tenho que tomar banho e sair pra trabalhar pois infelizmente notificação alguma paga minhas contas por enquanto. Nossos cérebros andam mas ativos, criamos uma urgência da resposta rápida ao que não está presente, tem um comercial passando que fala que a distancia não existe mais, conseguimos contatar qualquer um via internet hoje em dia, por mais que a pessoa demore pra responder, não é mais preciso esperar o final de semana pra contar aos amigos algo que me aconteceu na empresa, ou alguém que veio falar comigo, novos flertes, novas pessoas, novas tarefas, as fofocas de sempre, INFORMAÇÃO. Informação que nos é jogada a cada segundo se continuarmos a olhar para a tela do celular, risadas que damos sozinhos no ônibus e parecemos loucos, a quantidade de vezes que lemos a palavra SAUDADE, vinda de alguém em algum lugar que postaram em alguma rede social é preocupante, paramos de viver pra viver nos informando.
Não estamos dando mais
a devida atenção aos passos que damos, não estamos ouvindo mais
nem a cantoria surda do cinza da cidade, tenho tanto pra falar mas se
quiser discutir algum assunto é mais fácil postar algo provocativo pra ver quem está disposto a debater, eu quero falar
mais, eu quero até escrever mais, está realmente acontecendo muita
coisa e é difícil acompanhar, mas eu quero discernir sobre a
intolerância religiosa que anda tendo, sobre a musica que ando
fazendo, sobre as pessoas que eu conheci, eu quero viajar e ver minha
tia que não mora nem tão tão distante assim, ou ir a cidade ao
lado ver minha prima que já deve estar maior, posso também andar 20
minutos e visitar minha mãe, mas sem chegar lá pra acessar o wifi e
me perder novamente, pra onde ando correndo? Pra onde estamos indo?
Vamos chamar de vida isso que estamos tendo olhando pra nossas telas,
mas vamos nos permitir algumas pausas, vamos esquecer um pouco onde
deixamos o celular, depois a gente procura, vamos olhar nos olhos,
ler a linguagem corporal, admirar pessoas no caminho do trabalho sem
ter que tirar uma foto discreta e mandar no whats pra alguém ver
também, porque uma hora, a gente precisa de calor humano, de um
abraço, de um afago no cabelo, ouvir a risada espontânea que não veio por áudio, porque o destino, a vida eles dão jeito pra tudo, se
você está correndo demais as vezes se encarregam de te deixar uma
semana de cama pra você parar obrigatoriamente pra pensar, e se
precisar de alguém, você pode ser apenas mais uma mensagem de
“SAUDADE” na postagem de um amigo. Vamos nos permitir mais,
abraçar mais e quem diria que eu um dia pediria isso mas vamos
escrever menos, vamos amar quem está próximo porque a vida passa, e quem tem que dar uma pausa pra curtir somos nós, deixa ela passar um pouquinho na sua frente as vezes...
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